
Trump anuncia encontro com Putin em Budapeste após ligação na qual houve 'grandes progressos'

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (16) que se reunirá com seu par russo, Vladimir Putin, em Budapeste, sem especificar a data, após uma conversa por telefone durante a qual "foram feitos grandes progressos".
O presidente americano fez o anúncio em sua rede Truth Social, na véspera de um encontro com seu colega ucraniano, Volodimir Zelensky, que chega a Washington com a esperança de obter mísseis Tomahawk, apesar das ameaças de Moscou.
O Kremlin confirmou a conversa telefônica "de quase duas horas e meia" e a organização de uma cúpula entre os dois mandatários.
"Foi uma conversa muito substancial e, ao mesmo tempo, extremamente franca e repleta de confiança", acrescentou a Presidência russa, antes de anunciar que a ligação foi uma iniciativa da Rússia.
Trump detalhou: "Na próxima semana será realizada uma reunião de nossos principais assessores."
"As primeiras reuniões serão lideradas pelo secretário de Estado, Marco Rubio, pelos Estados Unidos", em um local ainda a ser definido, escreveu o mandatário republicano.
"Depois, o presidente Putin e eu nos reuniremos em um local já acordado, Budapeste, na Hungria, para ver se conseguimos pôr fim a esta guerra 'sem glória' entre Rússia e Ucrânia", acrescentou o presidente republicano.
O encontro "é uma grande notícia para os amantes da paz", celebrou o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, na rede X.
O último encontro entre ambos os presidentes remonta a 15 de agosto, em uma base militar no Alasca. Essa cúpula não resultou em nenhuma perspectiva concreta de resolução do conflito iniciado em fevereiro de 2022 com a invasão russa.
- Mísseis Tomahawk -
Os mísseis americanos Tomahawk permitiriam à Ucrânia atacar profundamente o território russo, e Moscou já advertiu que o envio dessas armas a Kiev constituiria uma "escalada".
Enquanto a Rússia multiplica os ataques contra infraestruturas energéticas na Ucrânia, os mísseis Tomahawk serão o "tema principal" do encontro com Donald Trump na sexta-feira, disse nesta quinta-feira à AFP um alto funcionário ucraniano.
Ele também mencionou os sistemas de defesa antiaérea Patriot, diante do temor dos ucranianos de enfrentar o inverno sem luz nem aquecimento.
Até agora, o presidente americano tem mantido em suspenso suas intenções.
"A Ucrânia quer passar ao ataque, vou tomar uma decisão sobre isso", declarou na quarta-feira.
A embaixadora ucraniana em Washington, Olga Stefanishina, denunciou que a Rússia "escolheu os mísseis em vez do diálogo".
Vladimir Putin, por sua vez, advertiu que a entrega desses mísseis afetaria as relações entre Washington e Moscou.
- Ataques russos -
Durante a noite de quarta para quinta-feira, a Rússia lançou uma série de 320 drones e 37 mísseis, segundo a força aérea ucraniana, que afirmou ter abatido 283 drones e cinco mísseis.
Para enfrentar esses ataques em massa, os ucranianos querem reforçar a eficácia de suas defesas antiaéreas.
O encontro entre Trump e Zelensky poderá esclarecer o rumo a ser tomado pelo volúvel presidente americano.
Recentemente, ele havia afirmado, para surpresa geral, que a Ucrânia poderia vencer o conflito, elogiando a resistência demonstrada desde a invasão russa de fevereiro de 2022.
Mas alguns observadores consideram que esses elogios poderiam refletir a intenção de Trump de se afastar do conflito e deixá-lo seguir seu curso.
O líder republicano, que costuma se orgulhar de ter mantido sempre uma excelente relação com o presidente russo, mudou ligeiramente de tom nos últimos tempos ao declarar-se "muito decepcionado" com Putin.
No entanto, não exerceu pressão significativa sobre a Rússia desde seu retorno ao poder.
"Vladimir Putin simplesmente não quer pôr fim a esta guerra", afirmou Trump na terça-feira.
A. Martins--JDB