
OMS adiciona nova geração de remédios para obesidade à lista de medicamentos essenciais

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou pela primeira vez, nesta sexta-feira (5), a nova geração de tratamentos contra diabetes e obesidade, e fez um chamado à oferta de versões genéricas, mais baratas, para populações de países em desenvolvimento.
A OMS adicionou a semaglutida – princípio ativo do Ozempic e Wegovy, da farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk –, o dulaglutida e a liraglutida, além da tirzepatida à sua lista de medicamentos essenciais, atualizada a cada dois anos, segundo um comunicado.
Segundo dados da organização, mais de 3,7 milhões de pessoas morreram em 2021 por doenças relacionadas ao sobrepeso ou obesidade, e o número é maior do que a soma de vítimas das principais infecções mortais — malária, tuberculose e HIV.
Os novos tratamentos contra diabetes e obesidade potencializam a ação de um hormônio que atua na secreção de insulina (GLP-1) e, de forma mais ampla, na sensação de saciedade.
Inicialmente desenvolvidos contra a diabetes, mostraram resultados notáveis para auxiliar na perda de peso e são celebrados por especialistas como um avanço significativo, embora com limitações.
Seus preços muito elevados, que nos Estados Unidos podem superar os mil dólares por mês (5.369 reais), "limitam o acesso a esses medicamentos", observa a OMS, que teme que os países mais desfavorecidos sejam excluídos.
Para garantir o acesso a esses injetáveis que "salvam vidas", a agência pede "incentivo à concorrência de medicamentos genéricos para reduzir os preços".
Segundo Andrew Hill, pesquisador da Universidade de Liverpool, estudos mostram que a semaglutida genérica poderia ser produzida em larga escala na Índia por apenas 4 dólares por mês (21 reais).
A patente da semaglutida expira em 2026 em alguns países, como Canadá, Índia e China, o que poderia favorecer a produção de genéricos.
Além da diabetes e obesidade, esses medicamentos podem ser benéficos no tratamento de outras patologias.
Segundo um estudo publicado esta semana na revista JAMA, cardíacos sob estes tratamentos apresentavam um risco 40% menor de serem hospitalizados ou morrerem prematuramente.
Mais de um bilhão de pessoas no mundo sofrem de obesidade, e mais de 800 milhões sofriam de diabetes em 2022, destacou a OMS.
A organização também adicionou uma série de remédios contra o câncer à sua lista de medicamentos essenciais.
M.A. Pereira--JDB