Trump diz que Putin quer encerrar guerra na Ucrânia apesar de negociações inconclusivas
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira (3) que Vladimir Putin quer pôr fim à guerra de quase quatro anos na Ucrânia, apesar de conversas recentes inconclusivas entre o mandatário russo e negociadores americanos.
Putin se reuniu na terça-feira em Moscou com o enviado americano Steve Witkoff e Jared Kushner, genro de Donald Trump.
No entanto, o encontro não resultou em nenhum avanço concreto para encerrar a guerra desencadeada por uma ofensiva do Kremlin em 2022.
Os Estados Unidos vêm tentando há semanas que ambas as partes aceitem um plano elaborado por Washington para acabar com as hostilidades. O primeiro rascunho sofreu mudanças após ser criticado por ser favorável demais à Rússia.
"Ontem [terça-feira] tiveram uma reunião muito boa com o presidente Putin", disse Trump quando um repórter da AFP lhe perguntou no Salão Oval como tinham sido as negociações. "O que se conseguiu com essa reunião? Não saberia lhe dizer", acrescentou.
"Sua impressão foi... que ele gostaria que a guerra acabasse", indicou Trump nesta quarta sobre a imagem que seus representantes tiveram do líder russo no encontro.
"Sua impressão foi muito forte de que ele [Putin] gostaria de chegar a um acordo", acrescentou o republicano.
Seus enviados Witkoff e Kushner se reunirão nesta quinta na Flórida com o negociador de Kiev, Rustem Umerov, informou um alto dirigente dos Estados Unidos em condição de anonimato.
Após a reunião na terça, o assessor diplomático de Putin, Yuri Ushakov, considerou que os "sucessos" recentes do Exército russo no campo de batalha "influenciaram" os diálogos sobre a Ucrânia.
Segundo Ushakov, a "questão-chave" da participação de Kiev na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), à qual Moscou se opõe categoricamente, foi também abordada nas conversas.
O negociador ucraniano Umerov, por sua vez, encontrou-se com assessores de segurança europeus em Bruxelas.
"Dei a meus colegas informações detalhadas sobre as negociações em Genebra e na Flórida, e sobre os próximos passos no processo diplomático", disse Umerov, em referência às últimas negociações das quais participou.
"É importante que a Europa continue participando ativamente nisso", acrescentou.
- 'Nenhuma solução de compromisso' -
A intensa atividade diplomática não conseguiu alcançar um acordo sobre a questão-chave dos territórios. A Rússia reivindica que a Ucrânia lhe ceda completamente a região de Donetsk, no leste ucraniano, epicentro dos combates.
A Rússia controla aproximadamente 19 % da Ucrânia. No entanto, sobre essa questão, "ainda não foi adotada nenhuma solução de compromisso", embora "algumas propostas americanas possam ser discutidas", declarou Ushakov.
Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou nesta quarta-feira que a Rússia está disposta a se reunir "tantas vezes quanto for necessário" com as autoridades americanas para encontrar uma saída para o conflito.
- Ameaças de Putin -
Putin ameaçou os europeus, acusando-os de "impedir" os esforços de Washington para encerrar o conflito.
"Não temos a intenção de ir para a guerra com a Europa, mas se a Europa quiser e começar, estamos prontos", declarou o presidente russo a jornalistas durante um fórum econômico.
A diplomacia alemã considerou nesta quarta que a Rússia não estava "em modo de negociação".
Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou o plano da União Europeia para financiar a Ucrânia durante dois anos e "colocá-la em uma posição de força" nas negociações com Moscou.
Os europeus temem que o governo Trump possa sacrificar a soberania da Ucrânia, considerada um baluarte contra a Rússia.
No front, as forças russas, mais numerosas, continuam avançando de forma constante, embora lenta, em alguns setores.
Na segunda, as tropas de Moscou reivindicaram a tomada da cidade de Pokrovsk, no leste da Ucrânia, um ponto de confluência importante para Kiev, assim como da localidade de Vovchansk, no nordeste. A Ucrânia, entretanto, assegura que os combates em Pokrovsk continuam.
R. do Carmo--JDB