Trump defende Robert Kennedy Jr. após sessão tensa no Senado
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, expressou seu apoio ao secretário de Saúde, Robert Kennedy Jr., mencionando suas "ideias um pouco diferentes".
A declaração de Trump aconteceu após uma sessão tensa no Congresso, na qual Kennedy Jr. defendeu medidas contra vacinas, que fizeram com que cientistas e opositores pedissem sua demissão.
O secretário é " muito bom", declarou Trump durante um evento na Casa Branca. "Tem intenções muito boas e ideias um pouco diferentes", disse, ao acrescentar que o aprecia. "Gosto do fato de que ele seja diferente", afirmou Trump.
Mais cedo na quinta-feira, Kennedy Jr. foi interrogado no Senado em uma audiência tumultuada que rapidamente se transformou em um enfrentamento verbal com os democratas, que o acusaram de ter mentido ao prometer respeitar a ciência e manter o acesso dos americanos às vacinas.
Kennedy Jr. também defendeu a decisão de demitir a diretora do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) como algo "absolutamente necessário" para restabelecer altos padrões.
A destituição de Susan Monarez, assim como várias demissões de funcionários de alto escalãi, mergulharam a principal agência de saúde pública do país em uma crise interna.
Monarez havia assumido o cargo menos de um mês antes, enquanto Kennedy fazia uma revisão profunda dos objetivos e métodos de trabalho da Secretaria de Saúde.
Mais de mil funcionários e ex-funcionários da Secretaria pediram demissão em uma carta aberta, considerando que Kennedy Jr. colocava a população 'em perigo'.
- Políticas "absurdas" -
Em uma sessão no Senado na quinta-feira, Kennedy criticou as ações dos CDC durante a pandemia de covid-19.
Ele disse que a gestão fracassou "miseravelmente" com políticas "desastrosas e absurdas", incluindo as orientações sobre o uso de máscaras, o distanciamento social e o fechamento de escolas.
"O CDC permitiu que o sindicato dos professores redigisse a ordem de fechamento das nossas escolas – o que prejudicou trabalhadores em todo o país – e depois fingiram que a decisão estava baseada na ciência", afirmou Kennedy em sua intervenção.
A oposição democrata instou o secretário a renunciar durante uma troca acalorada de críticas, às vezes aos gritos.
Ron Wyden, o principal democrata no Comitê de Finanças do Senado, exigiu, na abertura da sessão, que Kennedy prestasse juramento, acusando-o de mentir em depoimentos anteriores por escrito.
"É do interesse do país que Robert Kennedy renuncie, e se ele não o fizer, [o presidente] Donald Trump deveria demiti-lo antes que mais pessoas sejam prejudicadas", declarou Wyden.
O pedido foi rejeitado por Trump e pelo senador Mike Crapo, que elogiou Kennedy por seu foco nas doenças crônicas, incluindo a crise da obesidade.
Prestar juramento a um comitê do Senado não é obrigatório e depende da discricionariedade do partido que detém a maioria.
Monarez, que havia sido previamente apoiada por Kennedy, acusou o secretário de Saúde de conduzir "um esforço deliberado para enfraquecer o sistema de saúde pública dos Estados Unidos e as proteções das vacinas" em um artigo de opinião no Wall Street Journal na quinta-feira.
"Perguntei a ela: 'Você é uma pessoa confiável?' E ela disse: Não", afirmou Kennedy em resposta a perguntas da oposição, para explicar a demissão da funcionária.
"As afirmações do secretário Kennedy são falsas e, às vezes, flagrantemente ridículas", afirmaram os advogados de Monarez em um comunicado enviado à AFP, acrescentando que sua cliente estaria disposta a depor sob juramento.
- Debates ásperos -
Desde que assumiu o cargo, restringiu as doses contra a covid-19 a grupos mais limitados, cortou os subsídios federais à pesquisa da tecnologia de mRNA, à qual se atribui ter salvo milhões de vidas, e redirecionou fundos para investigar linhas de pesquisa médica controversas em setores científicos.
Muitos especialistas temem que a população perca a confiança nas vacinas, o que poderia se traduzir em um retorno de doenças contagiosas como o sarampo, que causou várias mortes nos Estados Unidos em 2025.
As vacinas estão no centro de um embate político.
A Flórida, estado republicano, anunciou esta semana que pretende eliminar todas as obrigações de vacinação, enquanto vários estados democratas, liderados pela Califórnia, se unem para enfrentar as políticas céticas em relação às vacinas.
C. Marques--JDB