Sydney: ao menos 11 mortos em atentado durante evento judaico na praia
Dois homens mataram 11 pessoas a tiros neste domingo (14) na praia de Bondi, em Sydney, uma das praias mais populares da Austrália, durante uma celebração da festividade judaica do Hanukkah. As autoridades classificaram o ataque como "terrorista" e "antissemita".
Os serviços de emergência transportaram 29 feridos para hospitais locais, informou a polícia de Nova Gales do Sul.
Um dos suspeitos do ataque foi morto e o segundo está em estado crítico, acrescentou a polícia.
O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, declarou em um discurso televisionado que foi um "ataque direcionado contra judeus australianos" no primeiro dia do Hanukkah, uma festividade conhecida como Festa das Luzes, que segundo ele deveria ser "um dia de alegria, uma celebração da fé".
"Um ato de maldade, antissemitismo e terrorismo que atingiu o coração da nossa nação", acrescentou, chamando de "heróis" os cidadãos que enfrentaram um dos atiradores e o desarmaram.
A polícia descreveu o atentado como um "incidente terrorista" e afirmou ter encontrado "artefatos explosivos improvisados" em um veículo próximo à praia, ligado ao "criminoso falecido".
O ataque ocorreu durante um evento chamado "Chanukah by the Sea", que celebra o feriado judaico do Hanukkah, no qual participavam cerca de mil pessoas, segundo a polícia.
"Ouvimos os tiros. Foi chocante; parecia que foram dez minutos de 'bang, bang, bang'. Parecia uma arma potente", disse à AFP Camilo Díaz, um estudante chileno de 25 anos que estava no local.
- "Sangue por todo lado" -
O presidente israelense, Isaac Herzog, classificou o ataque como "cruel contra os judeus" e o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, acusou o governo da Austrália de ter "alimentado o fogo do antissemitismo" ao reconhecer o Estado palestino.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, condenou o ataque e afirmou que "o antissemitismo não tem cabimento neste mundo".
No Reino Unido, o rei Charles III declarou-se "consternado" e descreveu a tragédia como "um terrível ataque terrorista antissemita". O chefe de Governo da Espanha, Pedro Sánchez, apelou a "esforços incansáveis para erradicar o antissemitismo e o terrorismo" em uma mensagem na rede X.
A praia de Bondi, no leste de Sydney, é uma das mais populares do país e atrai inúmeros banhistas, especialmente nos fins de semana.
Os serviços de emergência receberam as primeiras ligações por volta das 18h47 (4h47 no horário de Brasília), segundo a polícia.
A colina coberta por grama que leva à praia de Bondi estava repleta de pertences abandonados por pessoas que fugiram do local, incluindo um carrinho de bebê, observou um jornalista da AFP presente no local.
Equipes médicas atendiam várias pessoas deitadas na grama, de acordo com imagens da emissora pública ABC.
Uma arma que parecia ser uma espingarda estava ao lado de uma árvore na área.
Harry Wilson, um morador de 30 anos, disse ao Sydney Morning Herald que viu "pelo menos dez pessoas no chão e sangue por todo lado".
- Irã condena o ataque -
O presidente da Associação Judaica da Austrália, Robert Gregory, afirmou que o ataque foi "uma tragédia, mas absolutamente previsível" e denunciou o governo por "não tomar medidas adequadas para proteger a comunidade judaica".
Após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra em Gaza, a Austrália sofreu diversos ataques antissemitas. O governo australiano acusou o Irã de estar por trás deles e expulsou seu embaixador.
Em outubro de 2024, um incêndio destruiu um café kosher no bairro de Bondi e, em dezembro do mesmo ano, outro incêndio teve como alvo a sinagoga Adass Israel, em Melbourne.
O primeiro-ministro australiano, citando informações de inteligência, afirmou que ambos os ataques foram orquestrados pelo Irã. Nenhum deles deixou vítimas.
O Irã condenou o "ataque violento em Sydney, Austrália" deste domingo, e o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Esmail Baqeri, declarou que seu país repudia o "terrorismo e o assassinato" de pessoas, onde quer que sejam cometidos.
Horas após o ataque, a praia estava deserta. Perto dali, uma mulher abraçava seu bebê, envolto em uma manta térmica de emergência, e algumas testemunhas, ainda abaladas, tentavam assimilar o horror que viveram.
Um grupo de pessoas que presenciaram o ataque se reuniu sob as marquises de lojas próximas, fumando, enquanto outras ligavam para parentes preocupados para avisá-los que estavam bem.
E. da Cruz--JDB