Corpo entregue a Israel na sexta é de refém israelense-argentino
Israel anunciou neste sábado (8) que o corpo entregue na véspera em Gaza pelos movimentos palestinos Hamas e Jihad Islâmica corresponde ao israelense-argentino Lior Rudaeff, morto há mais de dois anos quando tentava defender seu kibutz do ataque dos islamistas.
"Após o processo de identificação realizado pelo Instituto Nacional de Medicina Legal (...), o Exército israelense informou à família de Lior Rudaeff que ele foi repatriado para ser sepultado", informou um comunicado militar.
Rudaeff, que trabalhava voluntariamente como motorista de ambulância, foi assassinado em 7 de outubro de 2023, o dia do ataque do Hamas que desencadeou a guerra em Gaza.
Ele morava no kibutz Nir Yitzhak, perto da Faixa de Gaza, e era membro da equipe de segurança local. Morreu justamente ao tentar defender sua comunidade, armado e acompanhado de outros quatro moradores.
Lior Rudaeff, casado e pai de quatro filhos, tinha 61 anos, e seu corpo foi levado naquele mesmo dia para a Faixa. Sua morte foi confirmada pelas autoridades israelenses em maio de 2024.
Após esse anúncio, o hospital Naser de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, informou que Israel entregou os corpos de 15 palestinos que estavam em seu poder.
Os restos mortais foram entregues por meio da Cruz Vermelha, em conformidade com os termos da trégua, que estipulam que Israel deve devolver às autoridades de Gaza os corpos de 15 palestinos mortos desde o início da guerra, em troca de cada corpo de israelense devolvido pelo Hamas.
Por sua vez, o Hamas e seus aliados ainda devem entregar cinco corpos de reféns (quatro israelenses e um tailandês), como parte do acordo de trégua em Gaza, que entrou em vigor em 10 de outubro passado sob pressão dos Estados Unidos.
Ao todo, o Hamas se comprometeu a devolver os restos mortais de 28 reféns falecidos. Entre os 23 corpos já entregues estavam 20 israelenses, um nepalês, um tanzaniano e um tailandês.
- "Não descansaremos" -
Em 7 de outubro de 2023, durante sua ofensiva surpresa no sul de Israel, o Hamas sequestrou 251 pessoas, levando-as para o território de Gaza.
A maioria dos reféns foi devolvida a Israel em duas tréguas anteriores. Em 13 de outubro, o Hamas libertou os 20 últimos reféns israelenses vivos em troca da libertação de quase 2 mil prisioneiros palestinos.
O Fórum das Famílias, principal organização israelense que tem lutado pelo retorno dos cativos, celebrou a repatriação do corpo de Lior Rudaeff e afirmou que, apesar da dor, "traz algum consolo a uma família que viveu mais de dois anos de angústia e incerteza".
"Não descansaremos enquanto o último refém não estiver de volta para casa", insistiu o Fórum em comunicado.
Apesar dos momentos de tensão e de alguns episódios pontuais de violência, a frágil trégua continua em vigor em Gaza.
Israel acusou várias vezes o Hamas de atrasar o processo de devolução dos corpos. O movimento islamista alega que muitos restos estão soterrados sob os escombros de Gaza, devastada pela campanha militar israelense.
"Não cederemos nesse ponto e não pouparemos esforços até trazer de volta todos os reféns, até o último", enfatizou o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
O chefe do Exército israelense, Eyal Zamir, prometeu neste sábado repatriar os restos mortais de Hadar Goldin, um oficial morto em 2014 em Gaza, após informações publicadas na imprensa segundo as quais o Hamas teria recuperado seus restos em uma área controlada por Israel.
O ataque de 7 de outubro de 2023 resultou em 1.219 mortos do lado israelense, em sua maioria civis, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais.
Desde então, pelo menos 69.169 palestinos morreram na Faixa de Gaza durante a campanha militar israelense, a maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, sob autoridade do Hamas.
O ministério, cujos números são considerados confiáveis pela ONU, não especifica quantos combatentes estão incluídos nesse total.
A. Ribeiro--JDB