
Israel ameaça Irã e huthis após ataque ao aeroporto de Tel Aviv

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ameaçou neste domingo os rebeldes do Iêmen e o Irã, depois que os huthis atacaram com um míssil o principal aeroporto de Israel, o que levou companhias aéreas a supenderem seus voos.
Militares israelenses confirmaram que o ataque, que deixou uma cratera em uma área próxima a uma das pistas de pouso, foi lançado do Iêmen, onde os rebeldes huthis, apoiados pelo Irã, controlam grande parte do território.
Os rebeldes responsabilizaram nesta segunda-feira (5) os Estados Unidos por uma dezena de bombardeios contra a capital iemenita, Sanaa. "Dois ataques do inimigo americano tiveram como alvo a rua Arbaeen", em Sanaa, e "um ataque teve como alvo a estrada do aeroporto", informou a agência de notícias dos rebeldes, Saba.
Antes da ação dos huthis, o Exército de Israel havia anunciado a convocação de dezenas de milhares de reservistas para intensificar a sua ofensiva na Faixa de Gaza, com o objetivo de destruir toda a infraestrutura do movimento islamista palestino Hamas.
Desde que a guera entre Israel e Hamas eclodiu, os insurgentes iemenitas frequentemente lançam ataques com mísseis e drones contra posições israelenses.
Netanyahu declarou em um vídeo publicado no Telegram que Israel já atuou contra esse grupo no passado e "que o fará no futuro". "Não será um único golpe, serão muitos golpes" alertou, sem dar detalhes. Depois, afirmou no X que "os ataques dos huthis vêm do Irã" e que Israel responderá "no momento oportuno".
O chefe de polícia da região central de Israel, Yair Hezroni, explicou que "uma cratera de várias dezenas de metros de largura e também várias dezenas de metros de profundidade".
O serviço de emergência israelense Magen David Adom disse que atendeu pelo menos seis pessoas com ferimentos leves e moderados.
"É a primeira vez que um míssil cai tão perto do terminal e das pistas de pouso", disse à AFP um porta-voz da autoridade do aeroporto.
De acordo com um fotógrafo da AFP, o míssil caiu perto da área de estacionamento do Terminal 3, o mais importante, e deixou uma cratera a cem metros da pista de pouso. Não foram registrados danos à infraestrutura do aeroporto.
- 'Reverberação muito forte' -
Segundo comunicado dos huthis transmitido pelo canal de TV Al Masirah, tratou-se de "um míssil balístico hipersônico que atingiu seu alvo com sucesso".
Os rebeldes huthis controlam grande parte do Iêmen, devastado pela guerra, incluindo Sanaa, a mais de 1.800 km da fronteira sul de Israel. O grupo lança com frequência ataques com mísseis e drones contra Israel, em solidariedade aos palestinos. Também ataca embarcações que considera ligadas a Israel no Mar Vermelho, uma área essencial para o tráfego marítimo global.
Um jornalista da AFP que estava no aeroporto no momento do ataque relatou que ouviu uma "forte explosão" por volta das 09h35 (03h35 de Brasília) e que "a reverberação foi muito forte".
Um passageiro de 50 anos, que não quis ser identificado, afirmou que o ataque ocorreu logo após o disparo das sirenes de alerta em várias partes de Israel, e que isso causou pânico. "É loucura dizer isso, mas, desde o 7 de Outubro, estamos acostumados com isso."
O Hamas e a Jihad Islâmica saudaram o ataque.
A companhia aérea alemã Lufthansa anunciou a suspensão dos voos para Tel Aviv até terça-feira. A mesma decisão foi anunciada pela Air India e a British Airways, até terça e quarta-feira, respectivamente. A Air France suspendeu até terça-feira os voos de Paris para a cidade israelense.
- Salvos 'por pouco' -
"O que aconteceu nesta manhã não acontecia há muito tempo. Há vários meses foguetes caíram perto do aeroporto, mas hoje nos salvamos por pouco", disse à AFP um dirigente de uma companhia aérea estrangeira.
Israel já realizou vários ataques contra alvos huthis no Iêmen e os Estados Unidos começaram a atacar posições dos huthis em janeiro de 2024.
A guerra na Faixa de Gaza registrou uma queda nas hostilidades no início deste anom quando houve uma trégua de dois meses, mas Israel a roumpeu em 18 de março. Desde então, os huthis retomaram os ataques a Israel.
Neste domingo, na Faixa de Gaza, 16 pessoas morreram, das quais pelo menos três eram crianças, em vários bombardeios israelenses, reportou a Defesa Civil desse território governado pelo Hamas.
P. Duarte--JDB