
Johnson & Johnson é processada no Reino Unido por talcos suspeitos de causar câncer

A gigante farmacêutica americana Johnson & Johnson é alvo de uma ação coletiva no Reino Unido por talcos suspeitos de conter amianto e de terem causado câncer, informou nesta quinta-feira (16) o escritório de advocacia que representa os demandantes.
De acordo com o escritório KP Law, que apresentou a ação ao Tribunal Superior de Londres e afirma representar mais de 3.000 demandantes, o valor da indenização exigida pode chegar a mais de um bilhão de dólares (5,4 bilhões de reais na cotação atual).
A denúncia, "que abrange o período de 1965 a 2023, detalha como a Johnson & Johnson sabia que seus produtos à base de talco continham fibras cancerígenas, incluindo amianto, há mais de cinquenta anos e optou por mantê-los no mercado", indicou o escritório de advocacia em um comunicado.
Os usuários deste produto, retirado do mercado britânico em 2023 (três anos após sua proibição nos Estados Unidos e no Canadá), teriam desenvolvido diferentes tipos de câncer, especialmente na pleura, no peritônio e nos ovários.
Em 2023, a Johnson & Johnson, que continua focada nas áreas farmacêutica e de dispositivos médicos, separou sua divisão de produtos de consumo massivo e cuidados pessoais, dando origem a uma nova empresa independente chamada Kenvue.
Contactada pela AFP, a Johnson & Johnson considera que a Kenvue herdou "todas as obrigações presumíveis relacionadas aos litígios sobre o talco fora dos Estados Unidos e do Canadá".
Um porta-voz da Kenvue afirmou, por sua vez, que "anos de testes realizados por laboratórios independentes e renomados, universidades e autoridades sanitárias no Reino Unido e em todo o mundo" comprovam que o produto é seguro, "não contém amianto e não causa câncer".
Em abril, a justiça americana rejeitou uma oferta da Johnson & Johnson, que propunha, sem reconhecer sua responsabilidade, pagar cerca de 8 bilhões de dólares (43,7 bilhões de reais na cotação atual) em 25 anos para resolver 90 mil ações civis naquele país relacionadas a problemas de ovários (99,75% das denúncias atuais).
Desde julho de 2024, o talco é classificado como provavelmente cancerígeno pela Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Câncer (IARC, na sigla em inglês) da Organização Mundial da Saúde (OMS).
No entanto, uma síntese de estudos publicada em janeiro de 2020, que incluiu 250.000 mulheres nos Estados Unidos, não encontrou um vínculo estatístico entre o uso de talco nos órgãos genitais e o risco de câncer de ovário.
V. Duarte--JDB