
Mais de 400 detenções e cerca de 300 feridos após manifestações no Marrocos

Mais de 400 pessoas foram detidas e cerca de 300 ficaram feridas nos confrontos que ocorreram na terça-feira no Marrocos, onde uma série de manifestações exige maior justiça social, indicou o Ministério do Interior nesta quarta-feira (1º).
Os confrontos ocorreram após o quarto dia de protestos não autorizados convocados pelo grupo GenZ 212. O movimento nasceu na plataforma Discord e se descreve como um "espaço de debate" sobre "questões que afetam todos os cidadãos, como saúde, educação e luta contra a corrupção".
As manifestações resultaram nesta terça-feira em confrontos com as forças de segurança em cidades como Oujda, no leste, e Inzegane, nos arredores de Agadir, uma cidade no sul do país.
Os protestos começaram justamente nesta localidade após a morte de oito mulheres grávidas que haviam sido admitidas em um hospital público para realizar cesarianas.
As manifestações seguintes denunciaram a degradação dos serviços públicos no país. "Os estádios estão aí, mas onde estão os hospitais?", gritaram nos últimos dias alguns jovens, fazendo alusão à Copa Africana de Nações que será realizada no final do ano no Marrocos e à Copa do Mundo de 2026, coorganizada por Espanha e Portugal.
O porta-voz do Ministério do Interior, Rachid El Khalfi, indicou que durante as violências de terça-feira, algumas pessoas "usaram armas brancas, coquetéis molotov e pedras".
O funcionário informou sobre 263 feridos entre as forças de segurança e 23 entre os manifestantes. Também precisou que 409 pessoas foram detidas após esses confrontos, nos quais mais de 140 veículos policiais e 20 automóveis particulares foram incendiados.
Novas marchas estão previstas para quarta-feira à noite em uma dezena de cidades.
No Marrocos, as desigualdades sociais continuam sendo um problema importante, com grandes disparidades regionais e uma lacuna entre os setores público e privado.
A.S. Leite--JDB