Trump volta a atacar Maduro enquanto aumenta pressão sobre Venezuela
O presidente americano Donald Trump disse nesta segunda-feira (22) que o mais "inteligente" que o mandatário venezuelano Nicolás Maduro pode fazer é renunciar, enquanto pressiona Caracas com um bloqueio em seu litoral voltado à riqueza petrolífera do país sul-americano.
Trump anunciou em 16 de dezembro o bloqueio de "petroleiros sancionados" que navegam em direção e a partir da costa venezuelana e, desde setembro, posicionou navios de guerra no Mar do Caribe em uma ofensiva contra o narcotráfico que já deixa mais de 100 mortos.
Ao ser perguntado em sua casa da Flórida se seu governo tem o objetivo de derrubar Maduro, o presidente americano respondeu: "Isso depende dele, do que ele queira fazer. Acho que seria inteligente de sua parte fazer isso [renunciar]".
Contudo, "se ele quiser bancar o durão, será a última vez", acrescentou Trump em tom de ameaça.
Por sua vez, o presidente Nicolás Maduro disse pela tarde que Trump "estaria melhor" se "focasse nos problemas" dos Estados Unidos e não se concentrasse tanto na Venezuela.
"Penso que o presidente Trump poderia fazer melhor em seu país e no mundo", afirmou Maduro em um evento transmitido na televisão estatal. "Ele estaria melhor no mundo se focasse nos problemas do seu próprio país. Não é possível que 70% dos seus discursos e declarações sejam [sobre] a Venezuela, mas e os Estados Unidos?", questionou.
Os Estados Unidos já apreenderam dois navios-tanques carregados com petróleo da Venezuela. O país sul-americano considera esse confisco como atos de pirataria e "roubo descarado".
Trump exige a devolução de ativos americanos supostamente roubados e diz que Caracas usa o dinheiro do petróleo para financiar o "terrorismo relacionado com drogas, tráfico de pessoas, assassinato e sequestros".
Os Estados Unidos também pressionam com uma forte presença naval contra embarcações que supostamente transportavam drogas no Caribe e no Pacífico Oriental. Já destruiu cerca de 30 embarcações e pelo menos 104 pessoas morreram nesses ataques.
- Apoio de Moscou e Pequim -
Mais cedo, a secretária de Segurança Interna dos Estados Unidos, Kristi Noem, garantiu que Maduro "tem que sair" do poder.
"Não estamos apenas interceptando barcos, mas também enviando uma mensagem ao mundo de que não se pode tolerar a atividade ilegal na qual Maduro participa. Ele tem que sair", disse Noem à emissora Fox News.
Washington acusa Maduro de liderar o suposto Cartel de los Soles, classificado como grupo "narcoterrorista" pelos Estados Unidos, e ofereceu uma recompensa de 50 milhões de dólares (cerca de R$ 277 milhões, na cotação atual) por informação que leve à sua captura.
O chanceler venezuelano Yván Gil disse nesta segunda-feira que o país recebeu novamente o respaldo da Rússia diante do bloqueio naval dos Estados Unidos.
O ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov "expressou de maneira firme a solidariedade da Rússia com o povo da Venezuela e com o presidente Nicolás Maduro Moros, e ratificou seu pleno apoio diante das hostilidades" contra o país, escreveu Gil no Telegram.
Lavrov afirmou que a Rússia oferecerá toda a sua cooperação e apoio à Venezuela contra o bloqueio", acrescentou.
Maduro agradeceu também à China, por "sua firme defesa do direito internacional e seu repúdio às práticas de hegemonismo unilateral dos Estados Unidos".
- Petroleiros apreendidos -
Uma análise da AFP constatou que o Centuries não estava na lista de empresas e indivíduos sancionados do Departamento do Tesouro americano.
"O petroleiro contém petróleo da sancionada PDVSA", a empresa estatal venezuelana, justificou uma porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly.
Segundo ela, o petroleiro navega sob "bandeira falsa e faz parte da frota fantasma venezuelana para traficar petróleo roubado e financiar o regime narcoterrorista de Maduro".
Enquanto isso, a gigante Chevron enviou um petroleiro de Caracas aos Estados Unidos, confirmou no domingo a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, sem mencionar os navios interceptados.
"Um navio da empresa americana Chevron zarpou do nosso país com petróleo venezuelano a bordo com destino aos Estados Unidos, em estrito cumprimento das normas e de acordo com os compromissos assumidos por nossa indústria petrolífera", informou Delcy Rodríguez no Telegram.
A Chevron obteve este ano uma nova licença para explorar petróleo na Venezuela, o que representa quase 10% da produção do país.
P.F. da Conceiçao--JDB