Apoiadores de Trump aguardam com ansiedade divulgação de arquivos do caso Epstein
Apoiadores de Donald Trump reunidos na quinta-feira (18) nos Estados Unidos, na convenção de uma influente organização conservadora, relataram esperar com ansiedade a divulgação dos documentos do financista caído em desgraça Jeffrey Epstein.
À medida que se aproxima o prazo desta sexta-feira (19) para que o Departamento de Justiça publique os documentos relacionados ao caso Epstein, alguns estavam impacientes, enquanto outros desejavam com entusiasmo ver o nome de Trump exonerado.
"Demorou demais", disse Mike Costarell, de 58 anos, defendendo que o sigilo do caso provavelmente estava relacionado ao fato de envolver pessoas privilegiadas.
"Acho que é importante que quem sexualiza crianças pague por seus atos. E não me importa de que lado político estão ou quão ricos são. É o que eu defendo", acrescentou Costarell, que conversou com a AFP durante a convenção nacional America Fest do movimento conservador Turning Point USA, no estado do Arizona.
Epstein, condenado em 2008 por prostituição e que morreu sob custódia em 2019 enquanto aguardava julgamento por crimes sexuais contra menores, tornou-se uma pedra no sapato para Trump.
O republicano, cujos simpatizantes promoveram teorias conspiratórias sobre o caso, prometeu em sua campanha eleitoral que, se retornasse à Casa Branca, abriria o dossiê ao público.
No entanto, desde que chegou à presidência em janeiro, tem pedido para virar a página, algo que sua base se recusa a fazer.
Um esforço bipartidário no Legislativo o forçou, em novembro, a promulgar uma lei que exige que sua administração divulgue o dossiê do caso, muito sensível para sua base.
Para Gwyn Andrews, uma estudante da Geórgia que também compareceu à convenção, a resistência em divulgar os documentos do caso gerou preocupação na base conservadora.
Segundo a jovem de 22 anos, o distanciamento de Trump de sua promessa de campanha alertou os eleitores que pediam a publicação dos arquivos, sobre os quais pessoas ligadas à base do mandatário teceram teorias conspiratórias e acusaram os democratas de encobrimento.
"Saber que ele havia mudado de direção assustou alguns republicanos que votaram nele. Mas ficamos felizes que ele voltou ao caminho certo, e espero que isso traga muita transparência", disse. "Não deveria ter demorado tanto, mas parabéns ao governo Trump por finalmente liberá-lo", comentou Andrews.
- Exigir "um padrão" -
O conteúdo dos documentos parece não preocupar os conservadores reunidos no Arizona para a convenção do movimento criado por Charlie Kirk, jovem ativista de direita assassinado em setembro enquanto participava de um debate em uma universidade.
"Não acho que vai abalar o mundo ou que será algo impactante, mas acredito que há gente nessa lista que muitos não imaginam", comentou Jacob Ellison, de 24 anos.
O jovem do Texas afirmou que, embora os republicanos cobrem "um padrão", não se surpreenderia em ver falsos conservadores ao lado de democratas envolvidos no caso.
Mas Trump, que foi próximo de Epstein, mas negou qualquer tipo de conduta ilícita, deve sair ileso, opinou Ellison, assim como outros presentes no evento.
"Dizem que ele é próximo de algumas pessoas, mas quero acreditar que ele é um homem de família. Ele tem certos valores e eu aposto nisso. Duvido que apareça ali", comentou o jovem.
A morte de Epstein, encontrado enforcado em sua cela em Nova York em 10 de agosto de 2019, alimentou inúmeras teorias da conspiração em que ele teria sido assassinado para abafar um escândalo envolvendo figuras de alto perfil.
Na quinta-feira, o Congresso, que vinha divulgando materiais gradualmente, publicou 68 imagens que mostram Epstein com figuras como o ex-assessor de Trump, Steve Bannon, o linguista Noam Chomsky e o cineasta Woody Allen, sem contexto específico.
Outras imagens mostram passaportes e documentos de identidade de mulheres com os nomes e as fotos censurados, bem como partes de seus corpos com citações do romance "Lolita", de Vladimir Nabokov, sobre a obsessão de um homem por uma menor de idade.
As fotos não implicam nenhuma conduta criminosa.
M.A. Pereira--JDB