
Governo peruano suspende chefe da polícia de Lima após protestos violentos

O novo governo do Peru suspendeu, nesta sexta-feira (17), o chefe da polícia de Lima, após os protestos na capital que deixaram um morto, baleado por um agente, e mais de uma centena de feridos, segundo um memorando ao qual a AFP teve acesso.
Lideradas por jovens, as manifestações de quarta-feira foram dirigidas contra o Congresso e o governo de direita que substituiu o de Dina Boluarte em 10 de outubro.
Os protestos ocorrem em meio à pior crise de insegurança enfrentada pelo Peru, especialmente por Lima, devido às extorsões e assassinatos ligados ao crime organizado.
Durante a manifestação, o rapper Eduardo Ruiz, de 32 anos, morreu após ser atingido por um disparo feito por um suboficial, que foi detido. Segundo o balanço das autoridades, 113 pessoas ficaram feridas, entre policiais e civis.
Nesta sexta-feira, o general Enrique Felipe Monroy, chefe da região policial de Lima, foi substituído temporariamente pelo general Manuel Vidarte, segundo o documento assinado pela alta cúpula da instituição, sob ordens do Ministério do Interior.
Monroy foi afastado do cargo que ocupava desde janeiro de 2024 até que terminem as investigações sobre a atuação da força pública durante os protestos, informou à AFP uma fonte policial sob a condição de anonimato.
Além do oficial, também foram suspensos dois generais das divisões de Inteligência e de Investigação Criminal em nível nacional.
- Próximo estado de emergência -
O movimento de protesto em Lima começou há um mês, depois que a crise de insegurança, somada à falta de ações contra a criminalidade, se tornou descontentamento com a classe política.
No contexto dos protestos, a Geração Z, que abrange jovens de 18 a 30 anos, tem usado a bandeira do mangá e anime One Piece, o novo símbolo de protesto juvenil global.
Na quarta-feira, milhares marcharam contra o Congresso e o governo do recém-empossado José Jerí, que substituiu o de Boluarte.
A ex-presidente foi destituída pelo Congresso após um julgamento político relâmpago motivado pela crise de segurança.
Na última década, o Peru passou por sete governos, incluindo o mandato iniciado há uma semana, em meio a uma profunda crise de instabilidade política que, no entanto, não afetou a economia do país.
Diante do aumento da violência, na quinta-feira o novo governo anunciou que vai declarar estado de emergência em Lima para enfrentar as organizações criminosas.
A medida vai afetar pelo menos 10 milhões de pessoas que vivem na cidade e no porto vizinho de Callao.
"Em breve, provavelmente em algumas horas, anunciaremos as primeiras medidas nesse sentido", disse o novo presidente nesta sexta-feira, durante uma cerimônia em uma base policial de Lima.
Durante o estado de emergência, o governo poderá militarizar as ruas e restringir direitos como a liberdade de reunião.
Jerí, de 38 anos e até então líder do Parlamento, assumiu a Presidência de forma interina até julho de 2026 - quando deverá entregar o cargo após as eleições gerais.
X. do Nascimento--JDB