
"Bolsonaro na cadeia!" ou "injusta": brasileiros reagem à condenação do ex-presidente

Sentados em frente a um telão em um bar de Brasília, frequentadores de esquerda gritam de alegria e aplaudem, nesta quinta-feira (11), a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado.
Por outro lado, em frente à casa de Bolsonaro, onde ele cumpre prisão domiciliar na capital, a rua está por enquanto quase deserta.
Alguns apoiadores erguem uma faixa com a mensagem "Volta Bolsonaro - buzine", e preparam uma vigília para mais tarde como sinal de apoio.
O ex-presidente de 70 anos foi condenado nesta quinta-feira por ter tentado dar um golpe de Estado contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022.
O Supremo Tribunal Federal (STF) fixou a pena de Bolsonaro em 27 anos e três meses de prisão.
A condenação é "injusta", afirma à AFP Rodrigo Rodrigues, um taxista de Brasília.
"Não pode jogar nele a culpa" pela trama golpista, acrescenta este homem, que ainda tem esperança de que Bolsonaro seja candidato nas eleições presidenciais de 2026.
A direita brasileira expressou sua indignação nas redes sociais como o X, onde rapidamente se multiplicaram os lemas: "Querem matar Bolsonaro" e "Suprema perseguição", em alusão ao STF.
- "Vendo a justiça acontecer" -
No bar Pardim, ponto de encontro da esquerda brasiliense, o ambiente é outro.
"Bolsonaro na cadeia!", gritaram vários clientes no momento da votação decisiva da ministra Cármen Lúcia no STF.
"Já chorei horrores. É um momento muito importante e especial, porque a gente estava esperando isso por muito tempo", diz à AFP Sofia Araújo, estudante de 20 anos sentada em uma mesa a poucos metros da tela instalada na varanda do bar.
"Acho que a gente está aqui mesmo para comemorar, a gente finalmente está vendo a justiça acontecer", acrescenta essa jovem negra, de cabelo cacheado e descolorido.
Em 30 de outubro de 2022, ela já havia ido celebrar no Pardim a vitória do presidente Lula no segundo turno das eleições.
Jarbas Campos Pardim, proprietário do bar há 15 anos, havia preparado tudo para o desfecho do histórico julgamento.
Comprou 80 caixas de cerveja e acendeu a churrasqueira assim que começou a sessão no Supremo Tribunal Federal. "Hoje é dia de comemorar, hoje é o dia da condenação", exclama eufórico.
"Temos que juntar forças, mostrar que o povo é brasileiro e estamos juntos para uma grande luta a favor da democracia", resume este homem de 47 anos, que trabalhou como garçom por muitos anos antes de abrir seu próprio bar.
João Marcelo Lopes Soares, de 25 anos, chegou cedo para não perder nenhum momento da transmissão ao vivo dos canais de notícias.
"Hoje, dia 11 de setembro de 2025, é uma vitória perante o fascismo", diz com entusiasmo o jovem, vestido com uma camisa rubro-negra do Flamengo.
Ele sorri, embora esteja consciente da pressão dos Estados Unidos, após o presidente Donald Trump denunciar uma "caça às bruxas" contra seu aliado para justificar a imposição de tarifas de 50% sobre alguns produtos brasileiros.
"Por mais que a pressão exterior esteja muito forte, principalmente do Trump, perante o nosso povo, eu acredito que há justiça no Brasil, há seriedade no Brasil", comemora.
N. Gonçalves--JDB