
Secretário de Saúde Kennedy Jr. defende demissão de diretora dos CDC

O secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy, defendeu nesta quinta-feira (4) a decisão de demitir a diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) como algo "absolutamente necessário" para restabelecer altos padrões.
A destituição de Susan Monarez, assim como várias demissões de altos funcionários, mergulharam a principal agência de saúde pública do país em uma crise interna.
Em uma audiência no comitê de Finanças do Senado, Kennedy criticou as ações dos CDC durante a pandemia de covid, uma gestão que fracassou "miseravelmente" com políticas "desastrosas e absurdas", incluindo as orientações sobre o uso de máscaras, o distanciamento social e o fechamento de escolas.
"Os CDC permitiram que o sindicato dos professores redigisse a ordem de fechamento das nossas escolas – o que prejudicou os trabalhadores em todo o país – e depois fingiram que a decisão estava baseada na ciência", afirmou Kennedy em sua intervenção.
"Precisamos de uma liderança nova, ousada, competente e criativa nos CDC, pessoas capazes e dispostas a traçar um novo rumo", acrescentou.
Monarez assumiu o cargo há menos de um mês, enquanto Kennedy realizava uma revisão profunda dos objetivos e métodos de trabalho da Secretaria de Saúde.
A oposição democrata instou o secretário a renunciar durante uma troca acalorada de críticas, às vezes aos gritos.
Ron Wyden, o democrata de maior destaque no Comitê de Finanças do Senado, exigiu na abertura da sessão que Kennedy prestasse juramento, acusando-o de mentir em depoimentos anteriores por escrito.
"É do interesse do país que Robert Kennedy renuncie, e se ele não o fizer, [o presidente] Donald Trump deveria demiti-lo antes que mais pessoas sejam prejudicadas", declarou Wyden.
O pedido foi rejeitado por Trump e pelo senador Mike Crapo, que elogiou Kennedy por seu foco nas doenças crônicas, incluindo a crise da obesidade.
Prestar juramento a um comitê do Senado não é obrigatório e depende da discricionariedade do partido que detém a maioria.
Monarez, que havia sido previamente apoiada por Kennedy, acusou o secretário de Saúde de conduzir "um esforço deliberado para enfraquecer o sistema de saúde pública dos Estados Unidos e as proteções das vacinas" em um artigo de opinião no Wall Street Journal nesta quinta-feira.
"Perguntei a ela: 'Você é uma pessoa confiável?' E ela disse: Não", afirmou Kennedy em resposta à oposição, para explicar a demissão da alta funcionária.
- Trocas ásperas -
Antigamente um respeitado advogado ambientalista, Kennedy emergiu em meados dos anos 2000 como um destacado ativista antivacinas, com ações judiciais contra o poderoso setor farmacêutico americano.
Desde que assumiu o cargo, restringiu as doses contra a covid-19 a grupos mais limitados, cortou os subsídios federais para pesquisa da tecnologia de mRNA, à qual se atribui ter salvo milhões de vidas, e redirecionou fundos para investigar linhas de pesquisa médica controversas em setores científicos.
As trocas foram intensas.
A senadora democrata Maria Cantwell chamou Kennedy de "charlatão" por seus ataques à pesquisa sobre mRNA, enquanto Kennedy acusou a senadora Maggie Hassan de "dizer absurdos" e de "inventar coisas para assustar as pessoas", depois que a legisladora afirmou que os pais estavam enfrentando dificuldades para conseguir vacinas contra a Covid para seus filhos.
G. Pires--JDB