
'Tudo tem sua hora', diz governo da Venezuela sobre possível prisão de líder opositora

O ministro venezuelano do Interior, Diosdado Cabello, indicou, nesta quarta-feira (28), que não descarta a possível prisão da líder opositora María Corina Machado, que vinculou a supostos "atos terroristas".
O governo da Venezuela acusa Machado, cuja localização é desconhecida, de conspirar contra o presidente de esquerda Nicolás Maduro, acusado pela oposição de fraude ao ser reeleito em julho do ano passado.
"Tudo tem sua hora nesta vida, tudo sempre chega e chega no momento exato", disse o ministro ao ser questionado sobre uma ordem de prisão contra Machado durante uma coletiva de imprensa com a mídia governista.
"Não nos desesperemos, há investigações abertas e tudo chega no seu momento", garantiu.
Ele lembrou a detenção do líder opositor Leopoldo López, que após sete anos preso fugiu do país em 2020. "Há pessoas que se acham intocáveis", afirmou. "Tudo tem seu momento e seu instante", concluiu.
Cabello, considerado o número dois do chavismo, mostrou malas com armas de guerra supostamente apreendidas pouco antes das eleições legislativas e para governadores de 25 de maio, nas quais o chavismo ganhou a maioria dos cargos em meio ao chamado da maior coalizão opositora para que os eleitores se abstivessem.
"Em Los Teques (estado de Miranda) encontramos um arsenal", disse o ministro, sem oferecer detalhes sobre a quantidade de armamento encontrado. "No Zulia (oeste) iam atacar centros de votação com granadas", afirmou.
Segundo Cabello, 70 pessoas foram detidas em um mês e meio, entre elas vários estrangeiros.
"É muito grave que a direita venezuelana esteja utilizando a violência como uma forma de buscar o poder", declarou, em referência à prisão, dois dias antes das eleições regionais, de Juan Pablo Guanipa, um aliado próximo de Machado.
Guanipa, de 60 anos, estava há meses na clandestinidade e sua última aparição pública foi em 9 de janeiro.
A oposição denuncia fraude nas eleições presidenciais, realizadas em julho de 2024, e reivindica a vitória do exilado Edmundo González Urrutia. O Conselho Nacional Eleitoral venezuelano não mostrou os resultados detalhados, como determina a lei, alegando uma invasão de seus sistemas.
O. Henrique--JDB