
EUA pede que OEA dê 'um passo à frente' no Haiti

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, instou a Organização dos Estados Americanos (OEA), nesta terça-feira (20), a dar "um passo à frente" e liderar uma missão internacional no Haiti, onde a situação "está prestes a ter uma reviravolta muito dramática".
O Haiti está mergulhado em uma crise sociopolítica agravada pelo assassinato do presidente Jovenel Moïse, em 2021, e sofre uma onda de violência realizada por grupos armados que controlam pelo menos 85% da capital, Porto Príncipe.
O país mais pobre da América Latina e do Caribe teve uma sucessão de primeiros-ministros não eleitos, enquanto o governo de transição e uma missão internacional de apoio à segurança liderada pelo Quênia tentam conter a espiral de violência.
"Por que temos uma Organização dos Estados Americanos se não é capaz de responder coletivamente ao que é uma grave catástrofe em nosso próprio hemisfério?", perguntou Rubio diante do comitê de Relações Exteriores do Senado.
"Não estou ameaçando nos retirar da OEA, não é isso que estou dizendo", esclareceu Rubio, cujo país é o principal contribuinte desta organização mergulhada em uma crise orçamentária.
"O que digo é que precisamos desafiar alguns de nossos membros atuais para que deem um passo à frente porque (...) uma das razões pelas quais existe a OEA é para abordar uma crise como a que temos no Haiti", acrescentou.
Os países-membros da OEA costumam ter dificuldades para chegar a um consenso sobre alguns temas, quando as posições políticas entre os governos se chocam.
Aos olhos do secretário de Estado americano, o caso do Haiti é peculiar porque não se trata de "movimentos ideológicos".
"É um país que está sendo tomado por gangues criminosas, ou, de fato, grande parte já está, e é preciso lidar com isso de uma maneira muito diferente", afirmou Rubio, que quer que a OEA intervenha.
Trata-se de "organizações como a OEA, à qual contribuímos consideravelmente, darem um passo à frente e enviarem uma missão com países-membros para abordar o problema do Haiti, que está prestes a ter uma reviravolta muito dramática se não for abordado em breve", explicou.
"Se alguma vez houvesse uma crise regional na qual alguém pudesse pensar que uma organização poderia intervir e trazer uma força ou um grupo de países trabalhando juntos poderiam ajudar a resolvê-la, essa seria a OEA", ressaltou.
Washington está disposto a "desempenhar um papel de liderança", segundo ele, mas precisa "da adesão de outros parceiros na região que são igualmente afetados, se não mais, pelo que está acontecendo" no Haiti.
A.S. Leite--JDB