
EUA deixará de bombardear rebeldes huthis no Iêmen

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (6) o fim dos bombardeios contra os rebeldes huthis no Iêmen, após assegurar que os militantes "se renderam" e concordaram em parar de atacar navios no Mar Vermelho, uma rota vital para o comércio mundial.
Esses insurgentes pró-iranianos do Iêmen vinham lançando mísseis e drones contra Israel e atacando navios no Mar Vermelho desde o final de 2023. Alegavam solidariedade com os palestinos em Gaza, devastada pelo exército de Israel após o ataque do Hamas naquele ano.
Após o anúncio de Trump, Omã informou sobre um "acordo de cessar-fogo" entre os huthis e os Estados Unidos. "No futuro, nenhuma das partes terá como alvo a outra", afirmou o chanceler Badr Albusaidi.
Horas antes, bombardeios israelenses destruíram o aeroporto internacional da capital iemenita, Saná, causando três mortes segundo os rebeldes.
Trump também prometeu fazer um "anúncio muito, muito importante" antes de sua viagem ao Oriente Médio na próxima semana, sem dar detalhes.
"Os huthis anunciaram (...) que não querem mais combater. Simplesmente não querem lutar. E vamos honrar isso. Vamos parar os bombardeios, e eles se renderam", declarou Trump no Salão Oval, ao receber o primeiro-ministro canadense, Mark Carney.
"Eles dizem que não vão mais atacar navios, e esse era nosso objetivo", acrescentou o republicano.
Pouco após o anúncio de Trump, o chefe político dos huthis, Mahdi al Mashat, afirmou que os insurgentes irão continuar os ataques contra Israel, e prometeu uma resposta "fulminante, dolorosa e além do que o inimigo israelense pode suportar", em um comunicado emitido após Israel bombardear infraestruturas em mãos dos rebeldes.
Os ataques dos huthis alteraram a navegação pelo Canal de Suez, uma rota pela qual passa normalmente cerca de 12% do tráfego marítimo mundial.
Os Estados Unidos, principal apoiador de Israel, atacavam posições rebeldes no Iêmen desde janeiro de 2024, sob a presidência do democrata Joe Biden, mas intensificaram a ofensiva desde o retorno de Trump à Casa Branca em 20 de janeiro.
Após um ataque huthi com mísseis contra o principal aeroporto internacional de Israel no domingo, Israel retaliou com ataques ao aeroporto de Saná, usinas elétricas na região e uma fábrica de cimento em Amrane, informou o canal rebelde Al-Massirah.
"Três dos sete aviões pertencentes à companhia aérea nacional Yemenia foram destruídos no aeroporto de Saná, e o aeroporto internacional ficou completamente destruído", disse um funcionário do terminal.
- Ameaça -
Os huthis advertiram que "a agressão [israelense] não ficará sem resposta".
Apoiados pelo Irã, inimigo de Israel, os huthis estão em guerra com o governo do Iêmen desde 2014 e controlam grande parte deste país da Península Arábica, situado a mais de 1.800 quilômetros do território israelense.
Na segunda-feira, os ataques israelenses contra áreas controladas pelos huthis no oeste do país deixaram quatro mortos, de acordo com os rebeldes.
Israel afirmou que havia atacado a infraestrutura huthi pela quinta vez desde julho de 2024, "em resposta aos repetidos ataques do regime terrorista huthi contra o Estado de Israel".
Os huthis, juntamente com o grupo palestino Hamas e o Hezbollah libanês, fazem parte do que o Irã apresenta como o "eixo da resistência" contra Israel. No entanto, Teerã nega fornecer ajuda militar aos huthis.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, acusou o Irã de ser "diretamente responsável" pelos ataques dos insurgentes contra seu país.
Embora quase todos os mísseis huthis tenham sido interceptados pelas defesas aéreas israelenses durante mais de um ano, no domingo um míssil atingiu diretamente o perímetro do Aeroporto Ben Gurion, perto de Tel Aviv.
Os rebeldes iemenitas reivindicaram a responsabilidade pelo "disparo de um míssil balístico hipersônico contra Ben Gurion", que provocou uma breve interrupção no tráfego aéreo e a suspensão temporária dos voos internacionais.
O Irã negou ter ajudado os huthis no ataque. Seu ministro de Relações Exteriores, Abbas Araghchi, acusou Israel de tentar arrastar os Estados Unidos para uma "catástrofe" no Oriente Médio.
A. Ribeiro--JDB