
Tarifaço de Trump contra dezenas de países entra em vigor

As tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para dezenas de países com o objetivo de estabelecer sua nova ordem comercial mundial, na qual as sobretaxas alfandegárias são utilizadas como uma arma de política econômica, entraram em vigor nesta quinta-feira (7).
A meta anunciada do presidente republicano é reestruturar o comércio "em benefício dos trabalhadores americanos".
"É MEIA-NOITE!!! BILHÕES DE DÓLARES EM TARIFAS ESTÃO FLUINDO AGORA PARA OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA!", escreveu Trump em sua plataforma Truth Social.
Washington mantém a tarifa mínima universal de 10% imposta em abril para os países aos quais os Estados Unidos exportam mais do que importam, ou seja, aqueles com os quais possui superavit comercial.
- Entre 15% e 41% -
Para os países com os quais Washington possui déficit comercial, tarifas mais elevadas, que variam entre 15% e 41%, passaram a ser aplicadas nesta quinta-feira.
A maioria pagará 15%, como a União Europeia, Japão, Coreia do Sul, entre outros.
A Índia será a mais prejudicada, com 50%, somando os 25% que entraram em vigor nesta quinta-feira e os 25% que serão aplicados dentro de três semanas devido à "compra contínua de petróleo russo".
O Brasil merece uma menção especial Apesar do superávit dos Estados Unidos com o país, vários produtos brasileiros, incluindo café e carne, enfrentam um tarifaço de 50% adicionais desde quarta-feira, em parte como protesto pelo julgamento de uma suposta tentativa de golpe contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que Trump considera vítima de uma "caça às bruxas".
O México ganhou tempo com uma prorrogação de 90 dias para negociar um acordo e, enquanto isso, paga 25%, exceto para os produtos protegidos pelo Tratado de Livre Comércio da América do Norte (T-MEC), que integra com Estados Unidos e Canadá.
O acordo também protege muitos produtos do Canadá, que foi afetado há alguns dias com 35% de tarifas adicionais.
As novas tarifas alfandegárias chegam a 41% no caso da Síria. A Suíça fica logo atrás, com 39%, e tentou até o último minuto reduzir o percentual, mas não teve sucesso.
Em sua plataforma Truth Social, o presidente republicano insiste que as tarifas farão com que os Estados Unidos "voltem a ser GRANDES E RICOS".
Ele escreve em letras maiúsculas, mas, embora certamente aumentem os cofres do Estado, ainda é cedo para determinar seu impacto.
Uma pesquisa da Morning Consult/The Century Foundation publicada em 31 de julho mostrou que 83% dos americanos estão preocupados com o preço dos alimentos.
Muitos economistas afirmam que os consumidores americanos terminam pagando mais porque as empresas, diante do aumento dos custos, elevam os preços de seus produtos.
Trump considera mitigar o cenário com uma promessa que provoca ainda mais dúvidas. "Está entrando tanto dinheiro que estamos considerando um pequeno reembolso para os americanos", disse em julho, sem especificar como a medida seria financiada.
"O mais importante é quitar a dívida", que no início de agosto superava 36,8 trilhões de dólares, comentou, no entanto.
O presidente americano aposta no protecionismo para reindustrializar os Estados Unidos e deseja que as empresas produzam no país.
- Semicondutores -
Na quarta-feira, Trump anunciou que pretende impor tarifas de 100% sobre os "chips e semicondutores", mas se a empresa "fabricar nos Estados Unidos, não haverá nenhum imposto adicional".
Os produtos farmacêuticos devem ser os próximos da lista. "Inicialmente, vamos impor uma pequena tarifa sobre os produtos farmacêuticos, mas em um ano, um ano e meio, no máximo, aumentará para 150% e depois para 250% porque queremos que os produtos farmacêuticos sejam produzidos em nosso país", declarou Trump esta semana ao canal CNBC.
Trump já impôs tarifas específicas a outros setores, como 50% ao aço, alumínio e cobre, e 25% aos automóveis e autopeças que não estão incluídos no T-MEC.
A ofensiva tarifária de Trump é escalonada. A próxima data importante será 12 de agosto, quando expira uma trégua comercial com a China, com a qual os dois países reduziram suas tarifas respectivas para 10% sobre os produtos americanos e para 30% sobre os chineses.
As duas grandes potências estão negociando para prolongar a trégua. A decisão final está nas mãos de Trump.
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M.A. Pereira--JDB