
Protestos contra operações anti-imigração crescem nos EUA

As manifestações contra as operações anti-imigração do presidente Donald Trump se espalham nos Estados Unidos nesta quarta-feira (11), apesar do envio da Guarda Nacional e dos fuzileiros navais a Los Angeles e das ameaças de repressão.
Em Los Angeles, onde começaram os protestos na semana passada, nesta quarta reina a calma nas ruas do centro da cidade após o toque de recolher noturno.
Agentes armados, vários deles a cavalo, faziam patrulhas perto dos edifícios governamentais. Os comerciantes cobriram as vitrines para se proteger de possíveis atos de vandalismo.
A polícia, que conta com o reforço de pelo menos 4 mil soldados da Guarda Nacional enviados por Trump, deteve pelo menos 25 pessoas.
Os protestos surgiram devido à rigidez das operações contra os imigrantes que estão ilegalmente no país. Os agentes os detêm nas ruas, nos locais de trabalho ou até mesmo quando se apresentam aos tribunais.
A maioria das manifestações foi pacífica, mas houve episódios violentos como a queima de táxis e o lançamento de pedras na polícia. As autoridades responderam com gás lacrimogêneo e armas não letais.
Trump, que ganhou as eleições em parte graças à sua retórica anti-imigrantes, aproveitou a oportunidade para obter vantagens políticas.
Assim, ordenou o envio da Guarda Nacional da Califórnia, apesar das objeções do governador democrata Gavin Newsom. É a primeira vez em décadas que um presidente recorre a uma medida tão extrema.
Trump ultrapassou ainda mais os limites constitucionais ao ordenar o envio de cerca de 700 fuzileiros navais, uma força treinada principalmente para combate.
"Se nossas tropas não entrassem em Los Angeles, neste momento a cidade estaria em chamas", disse Trump nas redes sociais nesta quarta-feira, acrescentando que seus habitantes tiveram "muita sorte".
Em um discurso televisionado na noite de terça-feira, Newsom o criticou: "a democracia está sob ataque diante de nossos olhos", declarou. "Pode ser que a Califórnia seja a primeira, mas está claro que isso não terminará aqui."
Trump afirmou que, se ele fosse o czar da fronteira, Tom Honam, prenderia Newsom, considerado o possível candidato presidencial democrata para 2028, quando, segundo a Constituição, Trump não poderia mais concorrer à Casa Branca.
- Protestos se espalham -
Apesar das ameaças de Trump de enviar a Guarda Nacional, uma força militar de reserva, para outros estados governados por democratas, as manifestações parecem se espalhar.
Milhares de pessoas se manifestaram em Nova York na terça-feira à noite e também houve protestos em Chicago. Para esta quarta estão previstos protestos em Nova York, Seattle, Las Vegas e outras cidades.
Os organizadores ameaçam até mesmo mobilizações no sábado, quando Trump presidirá um desfile militar no centro de Washington.
Na noite de terça, o governador republicano do Texas, Greg Abbott, anunciou o envio da Guarda Nacional do estado contra um protesto anunciado para quarta-feira em San Antonio.
Em um discurso em uma base militar na terça-feira, Trump advertiu que qualquer protesto durante o desfile militar de Washington enfrentaria uma "força" muito contundente.
O desfile com aviões de guerra e tanques, organizado para celebrar o 250º aniversário da fundação do Exército dos Estados Unidos, coincide com o dia do 79º aniversário de Trump.
O último grande desfile em Washington foi em 1991, após a primeira Guerra do Golfo.
- A força é justificada? -
O governo de Trump considera as manifestações como uma ameaça à nação. Em seu discurso às tropas na terça-feira, o presidente citou um "ataque total à paz, à ordem pública e à soberania nacional".
"Não permitiremos que uma cidade americana seja invadida e conquistada por um inimigo estrangeiro", advertiu.
Os manifestantes e o Partido Democrata acusam o republicano de criar uma crise para justificar uma repressão autoritária que nada tem a ver com a expulsão de pessoas que estão ilegalmente no país.
Segundo Newsom, Trump "inflamou" a situação e foi "além da sua intenção declarada de apenas ir atrás de criminosos violentos e graves". Seus agentes prendem lavadores de pratos, jardineiros, trabalhadores temporários e costureiras, entre outros.
Em um subúrbio de Atlanta, Brookhaven, dezenas de manifestantes agitaram bandeiras americanas e mexicanas e exibiram cartazes contra a Polícia de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE), a agência federal que intensificou as prisões e deportações de migrantes.
"Há pessoas sendo presas nas ruas por agentes de imigração que não usam crachás, usam máscaras (...) isso me perturba muito", afirmou à AFP Brendon Terra, um manifestante de 26 anos.
O. Henrique--JDB