
Diddy utilizou 'poder, violência e medo' para ocultar seus crimes, diz promotoria

O rapper Sean "Diddy" Combs recorreu ao "poder, à violência e ao medo" como líder de uma organização criminosa com décadas de existência, disse nesta quinta-feira (26) a promotora durante os argumentos finais do julgamento midiático do artista por associação criminosa e tráfico sexual.
"Ele contava com o silêncio e a vergonha para esconder seus crimes", denunciou a promotora Christy Slavik, que busca deixar claro aos 12 jurados que decidirão o destino do magnata da música os motivos pelos quais ele foi acusado e julgado durante quase dois meses.
Sentado atrás da promotora, Combs, de 55 anos, ouvia impassível, embora ocasionalmente escrevesse bilhetes para seus advogados.
Se for considerado culpado das acusações de associação criminosa e tráfico sexual, ele poderá passar o resto da vida na prisão.
Slavik começou a resumir o que a promotoria apresentou ao longo de horas de depoimentos de 34 testemunhas, milhares de páginas de mensagens de texto, gravações telefônicas e vídeos de sexo explícito exibidos durante mais de sete semanas de julgamento.
"Ele usou o poder, a violência e o medo para conseguir o que queria", acrescentou. Para isso, disse, contava com "leais tenentes" — nenhum dos quais foi chamado para depor no julgamento — para encobrir seus crimes, entre eles trabalho forçado, prostituição, suborno e manipulação de testemunhas.
"Não aceitava um 'não' como resposta", completou a promotora, antes de lembrar que o fundador da gravadora Bad Boy Records "se tornou mais poderoso e mais perigoso graças ao apoio de seu círculo íntimo e de seus negócios".
- 'Drogadas', 'com dor' -
Slavik deixou claro ao júri que este caso não se trata de criminalizar práticas sexuais não convencionais. "Não se trata, de forma alguma, de livre escolha", afirmou.
As mulheres envolvidas em suas orgias sexuais selvagens estavam "drogadas, cobertas de óleo, com dor e exaustas", enquanto Combs as obrigava a manter relações sexuais com trabalhadores do sexo por horas e, às vezes, dias, declarou.
Segundo a promotoria, o músico que colocou o hip hop no cenário mundial obrigou duas mulheres — a cantora Casandra "Cassie" Ventura e, mais tarde, outra mulher que depôs sob pseudônimo — a manterem relações sexuais sob efeito de drogas com acompanhantes pagos.
Ambas mantiveram relacionamentos com Diddy, que está detido desde setembro, após Cassie apresentar uma denúncia contra ele em 2023 por agressão sexual e estupro, posteriormente retirada após um acordo financeiro com o rapper.
Depois de Cassie, outras vítimas apresentaram também denúncias, o que o levou ao banco dos réus.
A acusação mais grave, a de associação criminosa, pode levar Diddy à prisão perpétua, caso ele seja considerado culpado. O rapper também enfrenta acusações de agressão, tráfico sexual e duas de transporte com fins de prostituição.
Combs, que se recusou a depor em sua defesa, nega tudo. Seus advogados alegam que os relacionamentos do artista foram consensuais e tentam convencer o júri de que muitas testemunhas o acusaram por interesse financeiro ou vingança.
Muitas das gravações mostram sofrimento por parte das supostas vítimas. Mas várias mensagens também revelam afeto e desejo, o que a defesa enfatizou repetidamente.
Assim que os argumentos finais forem concluídos, provavelmente na sexta-feira, o júri vai-se retirar para deliberar.
E. da Cruz--JDB