Catorze detidos por incêndio que deixou 151 mortos em Hong Kong
A polícia de Hong Kong informou nesta segunda-feira (1º) que 14 pessoas foram detidas até o momento em conexão ao grande incêndio em um complexo residencial na semana passada, que deixou pelo menos 151 mortos.
O órgão anticorrupção de Hong Kong e a polícia, que realizam uma investigação conjunta, prenderam 14 pessoas, das quais 13 são suspeitas de homicídio culposo.
Os investigadores tentam reconstruir o que provocou a rápida propagação das chamas no complexo de arranha-céus.
As autoridades analisam fatores como o uso de painéis de espuma de poliestireno e andaimes de bambu nas obras de renovação dos edifícios.
Também indicaram nesta segunda-feira que parte das redes de proteção utilizadas nas obras de reforma do complexo residencial não seguia as normas de proteção contra incêndios.
A polícia coletou amostras de 20 pontos diferentes e as de sete destes "não cumpriam os padrões de proteção contra incêndios", explicou um funcionário de alto escalão do governo de Hong Kong, Eric Chan.
O comandante da polícia Tsang Shuk-yin declarou que o número de mortes confirmadas aumentou, passando a 151, às 16h00 locais (5h em Brasília). O balanço anterior, de domingo, era de 146 mortos.
"Não podemos descartar que o número continue aumentando", adicionou o comandante.
- Restos reduzido às cinzas -
O incêndio que devastou as torres Wang Fuk Court, no distrito de Tai Po, é o mais mortal em um edifício residencial desde 1980.
No total, 104 corpos foram identificados. A polícia concluiu as buscas em cinco dos oito blocos do complexo.
Tsang afirmou que "alguns restos já foram reduzidos a cinzas", considerando que talvez não seja possível recuperar algumas das pessoas desaparecidas.
A polícia encontrou os restos mortais dentro de apartamentos, nos corredores e nas escadas, e continuará inspecionando os edifícios, acrescentou.
Chan Tung, chefe de segurança da polícia de Hong Kong, disse à imprensa que seus agentes "abriram imediatamente uma investigação aprofundada por homicídio culposo".
A imprensa local indicou que a polícia prendeu separadamente três pessoas por sedição, entre elas o estudante de 24 anos Miles Kwan, que havia distribuído panfletos exigindo responsabilidades do governo pelo incêndio.
Segundo o chefe de segurança de Hong Kong, Chris Tang, foram feitos "comentários imprecisos na internet" com o único propósito de "ameaçar a segurança nacional", ao ser questionado sobre as detenções por sedição.
"Devemos tomar medidas adequadas (...). Não se podem revelar os detalhes da operação, pois afetam a segurança nacional", acrescentou.
Kwan foi visto saindo de uma delegacia na tarde desta segunda-feira, sem fazer comentários sobre seu caso.
A cidade segue chocada com a tragédia e milhares de pessoas depositaram flores e prestaram homenagens durante um período de luto de três dias, no qual algumas mensagens deixadas no local pedem que se assumam responsabilidades pelo incidente.
V. Duarte--JDB