
Papa e Schwarzenegger pedem pressão sobre governos para deter mudanças climáticas

O papa Leão XIV exortou, nesta quarta-feira (1º), os cidadãos a "exercer pressão" sobre seus governos para frear o aquecimento global, durante uma cúpula sobre o clima perto de Roma com a presença do astro de "O Exterminador do Futuro", Arnold Schwarzenegger.
"Os cidadãos devem participar ativamente na tomada de decisões políticas em nível nacional, regional e local", destacou o papa americano durante a conferência em Castel Gandolfo, que reuniu especialistas em meio ambiente e ativistas de todo o mundo.
O evento, com duração de três dias, celebra o 10º aniversário do manifesto histórico sobre o clima do falecido papa Francisco, 'Laudato Si', um apelo à ação contra o aquecimento global causado pelo ser humano.
O papa Leão, nascido nos Estados Unidos e eleito em maio após a morte do pontífice argentino, retomou a ação de seu antecessor e insiste que é hora de substituir as palavras por "uma ação climática decisiva e coordenada".
Antes de sua eleição como líder da Igreja Católica, Robert Francis Prevost passou quase 20 anos como missionário no Peru, onde ajudou comunidades vulneráveis afetadas pelos efeitos das mudanças climáticas, incluindo graves inundações.
O tempo é essencial. As emissões que provocam as mudanças climáticas aumentaram em todo o mundo, mas devem ser reduzidas quase pela metade até o final da década para limitar o aquecimento global aos níveis mais seguros estabelecidos no Acordo de Paris de 2015.
Como alcançar a meta será o tema central da próxima reunião de cúpula do clima, a COP30 da ONU, que acontecerá no Brasil em novembro.
O líder dos 1,4 bilhão de católicos disse esperar que a COP ouça "o clamor da Terra e o clamor dos pobres, famílias, povos indígenas, migrantes involuntários e crentes de todo o mundo". "Não há lugar para a indiferença nem para a resignação", afirmou.
- "Medidas urgentes" -
Diante do atual cenário, a conferência "Aumentar a esperança pela justiça climática", em Castel Gandolfo, onde o pontífice tem sua residência de verão, analisa os progressos registrados e as "medidas urgentes" que são necessárias, segundo os organizadores.
Em um discurso comprometido, Schwarzenegger, que se tornou um ativista ambiental, renovou seu chamado para acabar com a poluição e recordou suas ações contra o governo do ex-presidente americano George Bush quando era governador da Califórnia.
"Parem de reclamar e comecem a trabalhar! Todos temos poder. O governo federal não tem o poder final", declarou, numa crítica velada ao governo de Donald Trump, abertamente desconfiado em relação às mudanças climáticas.
Schwarzenegger afirmou que a conferência, que reúne bispos, líderes indígenas, especialistas em clima e biodiversidade e representantes da sociedade civil, é uma oportunidade para aproveitar o "poder do povo".
O papa, de 70 anos, convidou a ir além do uso das estatísticas, "por mais alarmantes que sejam", para avançar "do discurso ambiental à conversão ecológica que transforme os estilos de vida pessoais e coletivos".
"Em um mundo no qual os mais vulneráveis dos nossos irmãos e irmãs são os primeiros a sofrer os efeitos devastadores das mudanças climáticas... o cuidado da criação torna-se uma expressão de nossa fé e humanidade", escreveu o pontífice em junho.
Lorna Gold, responsável pelo movimento Laudato Si, organizador da conferência, indicou que os participantes assumiriam um novo compromisso em memória do papa Francisco "para tornar realidade a visão" de seu chamado à ação pelo clima, que posteriormente seria apresentado na COP30.
"É um momento crucial", disse à AFP Allen Ottaro, fundador e diretor executivo da Rede Católica Juvenil para a Sustentabilidade Ambiental na África, com sede em Nairóbi.
Apesar dos "fenômenos meteorológicos extremos", "algumas grandes potências, particularmente os Estados Unidos, mostram claramente que já não estão interessadas na direção que o mundo deve tomar", lamentou.
S. dos Reis--JDB