
Rubio chega ao México para reunião com presidente após escalada dos EUA contra cartéis

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, se reunirá, nesta quarta-feira (3), com a presidente do México, Claudia Sheinbaum, um dia depois de o governo dos Estados Unidos ter aumentado a pressão sobre os cartéis mediante um ataque dirigido contra uma embarcação perto da Venezuela.
Rubio tem previsto um encontro com Sheinbaum às 10h locais (13h e Brasília) antes de conduzir uma coletiva de imprensa conjunta com o chanceler mexicano, Juan Ramón de la Fuente, de acordo com o Departamento de Estado.
Poucos esperam que os Estados Unidos, sob o comando de um imprevisível Donald Trump, realize no México um ataque similar ao executado no Caribe. Ainda mais porque sua presidente tem se concentrado na cooperação na complicada relação com Washington.
Nesta quarta-feira, pouco antes de receber Rubio, Sheinbaum declarou que "não é verdade" que esteja assustada e que o México esteja sob o controle dos cartéis do narcotráfico, como disse Trump em uma entrevista na semana passada.
No entanto, o ataque de terça-feira fez soar os alarmes no México.
Sheinbaum tem insistido em que qualquer "intervenção" militar americana no México é uma linha vermelha.
"Não aceitamos subordinação, mas simplesmente uma colaboração entre nações em igualdade de circunstâncias", disse a presidente na terça-feira.
Trump anunciou a morte de 11 "narcotraficantes" no ataque no Caribe, que supostamente faziam parte do grupo criminoso venezuelano Tren de Aragua, designado como organização "terrorista" pelos Estados Unidos.
A AFP não pôde verificar o número de pessoas que viajavam na embarcação, nem suas identidades.
- Exército contra cartéis -
A ação militar marcou uma escalada nas ações dos Estados Unidos depois que Trump assinou uma ordem executiva autorizando o uso do exército contra os cartéis do narcotráfico.
Os Estados Unidos "vão utilizar todo o seu poderio para enfrentar e erradicar estes cartéis da droga, sem importar de onde operam", disse Rubio na terça-feira.
Mas a Venezuela é um caso singular, pois os Estados Unidos não reconhecem a legitimidade do presidente Nicolás Maduro, um esquerdista, cuja última eleição, em 2024, foi denunciada como fraudulenta pela oposição.
Sheinbaum, que também é de esquerda, tem buscado ter uma relação pragmática com Trump, que expressou respeito por ela apesar de seus duros comentários no passado sobre os mexicanos.
Assim como seu antecessor e correligionário Andrés Manuel López Obrador, Sheinbaum tem cooperado em grande medida com Trump em sua prioridade-chave de frear a migração para os Estados Unidos.
Nos últimos anos, o México reforçou a vigilância em suas regiões fronteiriças, incluindo sua própria fronteira sul, porta de entrada para migrantes vindos da América Central a caminho dos Estados Unidos.
O governo Trump já impôs uma série de novas sanções com a esperança de enfraquecer os principais cartéis no México.
O republicano culpa os narcotraficantes pelo fluxo de fentanil, o poderoso opioide sintético por trás de uma epidemia de overdose nos Estados Unidos.
Sheinbaum, por sua vez, tem empreendido ações legais contra os fabricantes de armas americanos devido à violência em solo mexicano.
O México, que tem controles mais estritos sobre as armas, diz que entre 200.000 e 750.000 armas fabricadas nos Estados Unidos são traficadas através da fronteira comum a cada ano, muitas das quais são encontradas em cenas de crimes.
D. Barbosa--JDB