
FBI faz buscas na casa de John Bolton, ex-conselheiro de Trump, hoje opositor

O FBI, Polícia Federal americana, fez buscas nesta sexta-feira (22) na casa de John Bolton, que foi conselheiro de Segurança Nacional durante o primeiro mandato de Donald Trump, mas atualmente é um ferrenho opositor do presidente.
Questionado sobre operação realizada na casa de Bolton durante a madrugada, Trump disse que não era "um fã" de seu ex-assessor, mas garantiu que não sabia nada sobre a operação antes de ela acontecer.
"Eu vi na televisão esta manhã", declarou o presidente a jornalistas durante uma visita ao Centro Kennedy, em Washington.
"Ele é um canalha", afirmou, referindo-se a Bolton. "É uma pessoa muito reservada, exceto na televisão, onde pode dizer coisas ruins sobre Trump".
Na madrugada desta sexta-feira, um jornalista da AFP viu agentes do FBI entrando e saindo da casa deste ex-alto funcionário da Casa Branca, localizada em Bethesda, nos arredores de Washington.
"NINGUÉM está acima da lei... Os agentes do FBI estão em uma missão", escreveu no X o diretor do FBI, Kash Patel, aliado próximo de Trump, sem especificar a que caso se referia.
Em resposta às perguntas da AFP sobre a operação, o FBI afirmou que não fará "nenhum comentário".
- Informações confidenciais -
De acordo com o jornal The New York Times e outros veículos de comunicação americanos, a revista foi ordenada para determinar se Bolton havia compartilhado ou obtido informações confidenciais ilegalmente.
O Washington Post indicou, por sua vez, que Bolton não se encontrava em sua residência no momento da busca e não foi acusado de nenhum crime.
Bolton, hoje com 76 anos, trabalhou na Casa Branca de abril de 2018 a setembro de 2019, durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021).
Em 2020, suas memórias, 'The Room Where it Happened' (A sala onde aconteceu, em tradução livre), irritaram o presidente, que chegou a dizer que Bolton deveria estar "na prisão" por causa do livro.
Desde então, Bolton se tornou um crítico muito visível e combativo de Trump, aparecendo frequentemente em programas de TV e em notas de imprensa para condenar aquele a quem chamou de "inadequado para ser presidente".
Durante a campanha presidencial em 2024, Trump insistiu em seu desejo de investigar e processar seus "inimigos internos".
Após voltar à Casa Branca, em janeiro, Trump assinou uma ordem executiva acusando seu ex-assessor de revelar "informações confidenciais durante seu mandato" na Presidência.
Ele também retirou sua proteção do Serviço Secreto, a agência responsável por garantir a segurança de figuras políticas importantes nos Estados Unidos, e o chamou de "idiota". Além disso, cortou seu acesso a dados de segurança e inteligência.
Bolton disse que estava "desapontado, mas não surpreso".
Bolton afirmava ser alvo de uma conspiração para matá-lo, tramada pelo Irã como vingança pelo assassinato com drones, no Iraque, em janeiro de 2020, do general iraniano Qassem Soleimani, ordenado no primeiro mandato de Trump.
Em janeiro passado, sustentou que "essa ameaça segue vigente".
- "Uma Presidência vingativa" -
Famoso por seu bigode espesso, Bolton ganhou reconhecimento internacional como embaixador dos Estados Unidos na ONU no mandato do ex-presidente republicano George W. Bush, durante a guerra do Iraque.
Contrário às políticas de Trump após deixar a Casa Branca, ele criticou recentemente a cúpula entre o presidente e seu homólogo russo, Vladimir Putin, no Alasca.
Recentemente, quando questionado em entrevista à rede ABC se estava preocupado com a possibilidade de Trump "persegui-lo", Bolton respondeu: "Acho que a Presidência dele é vingativa".
Em julho, o FBI abriu investigações criminais contra outros dois críticos proeminentes de Trump: o ex-diretor do FBI James Comey e o ex-diretor da CIA John Brennan.
Ambos foram nomeados para os cargos pelo ex-presidente democrata Barack Obama (2009-2017) e têm um histórico controverso com Trump, que remonta ao primeiro mandato do republicano.
Trump foi alvo de várias investigações após deixar a Casa Branca, e o FBI invadiu sua casa em Mar-a-Lago, na Flórida, no âmbito de uma investigação sobre o manuseio indevido de documentos confidenciais.
O magnata também foi acusado de conspirar para anular os resultados das eleições de 2020.
Nenhum dos casos chegou a julgamento, e o procurador especial, seguindo a política do Departamento de Justiça de não processar um presidente em exercício, os arquivou depois que Trump venceu as eleições presidenciais de novembro de 2024.
N. Gonçalves--JDB