Lula pede alternativa rápida às energias fósseis na COP30
O mundo deve deixar para trás o modelo de uso intensivo de energias fósseis se quiser salvar o planeta, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Belém nesta sexta-feira (7), um sinal político que pode orientar os debates da COP30 na próxima semana.
Dois anos após o mundo ter acordado na COP28 da ONU em Dubai uma saída progressiva para as energias fósseis, Lula, que preside o país que é o oitavo maior produtor de petróleo do mundo, retomou o tema.
O mundo "não comporta mais o modelo de desenvolvimento baseado no uso intensivo de combustíveis fósseis", disse o presidente no segundo dia da Cúpula dos Líderes em Belém do Pará, às vésperas da COP30, que começa na próxima segunda-feira.
Lula já havia defendido na terça-feira um roteiro que livrasse o mundo da dependência dos hidrocarbonetos, grandes responsáveis pelas mudanças climáticas.
No Brasil, o presidente é criticado por ambientalistas por ter impulsionado este ano um megaprojeto de exploração marítima de petróleo próximo à costa amazônica.
Ele argumenta que os lucros obtidos com a exploração de hidrocarbonetos são necessários para financiar a transição energética.
Suas palavras foram bem recebidas por ONGs, em tempos em que o mundo parece caminhar para o cataclismo climático.
A ONU alertou na quinta-feira que 2025 será um dos anos mais quentes já registrados. E a organização admite que agora o objetivo de limitar o aquecimento a 1,5º C em relação à era pré-industrial não será alcançado.
A conjuntura internacional também não ajuda: o presidente americano, Donald Trump, voltou a retirar do Acordo de Paris os Estados Unidos, segundo maior poluente do mundo, depois da China.
- Taxar jatos privados -
Reunidos em Belém, no coração da maior floresta tropical do planeta, os líderes pediram ao mundo que aproveite a janela de oportunidade para agir.
"Cada país deve apresentar seu mapa do caminho e elaborar sua estratégia para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis", disse o francês Emmanuel Macron.
"A transição para o abandono dos combustíveis fósseis é central", instou Surangel Whipps, presidente do arquipélago de Palau, no Pacífico.
O chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, afirmou, por sua vez, que seu país avança "junto a outros países para taxar os voos de classe premium e jatos privados". "É justo" que quem tem mais e polui mais, pague "o que lhe corresponde", defendeu.
O Brasil também impulsiona em Belém uma iniciativa para multiplicar por quatro a produção e o consumo mundiais de combustíveis sustentáveis, o que poderia acelerar a descarbonização do transporte aéreo.
Lula falou em Belém "do que importa" e aporta o impulso político necessário para que o assunto seja debatido na COP30, declarou a rede de ONGs Observatório do Clima.
"Não necessariamente nas negociações oficiais, mas sim na agenda de ações voluntárias", disse à AFP Marta Salomon, do brasileiro Instituto Talanoa.
- Florestas em pé -
"A COP30 é, sim, um degrau para que esse passo grande [o abandono dos combustíveis fósseis] seja dado (...) Mas dependemos também de influências políticas, é muito importante que o Lula esteja com essa fala", disse ela à AFP.
O Brasil promoveu na quinta-feira outra frente: a luta contra o desmatamento, ao lançar um fundo de investimentos dedicado à proteção das florestas tropicais, como a Amazônia.
A Noruega anunciou a intenção de investir 3 bilhões de dólares (16 bilhões de reais); o Brasil e a Indonésia, US$ 1 bilhão cada (R$ 5,34 bilhões), segundo o anfitrião; e a França, € 500 milhões (o equivalente a US$ 578 milhões ou R$ 3 bilhões).
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F. Fernandes--JDB